Com cerca de 300 participantes, evento realizado no último sábado, em Curitiba, teve palestras com temas que instigaram os empresários a mudaram a forma de pensar seus negócios.

Apesar dos números negativos em vendas em boa parte das mais de 4,6 mil gráficas da Região Sul, o mercado está cheio de oportunidades para quem quer inovar e melhorar seus resultados. Este foi o recado dado pelo III Seminário Sul Brasileiro da Indústria Gráfica aos cerca de 300 proprietários e gestores de gráficas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que participaram do evento, no último sábado, 21, no Campus da Indústria da Fiep, em Curitiba. O seminário foi realizado pela Abigraf-PR (Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Abigraf Regional Paraná) com o apoio das Abigraf’s de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Em um cenário que aponta para uma queda média de 3,4% na produção nacional do setor, segundo dados da Abigraf Nacional, e que em alguns segmentos, como o promocional, o decréscimo pode chegar a 10%, o seminário foi construído com objetivo de dar aos participantes informações e conhecimento suficientes para refletirem e agirem em busca de melhoria em seus negócios.

Para isso, os organizadores apostaram em palestras sobre assuntos  que têm a ver com o presente e com o futuro da indústria gráfica, mas sem tecnicismos. “E deu certo. Ao falarmos de temas como impressão das coisas, neuromarketing, millennials, criatividade, inovação, entre outros, conseguimos incutir na mente dos empresários a necessidade de refletirem sobre o que é possível fazer para que suas empresas acompanhem as transformações pelas quais o nosso setor passa”, disse o presidente da Abigraf-PR, Jair Leite.

Segundo ele, os números ruins do setor gráfico refletem a crise econômica, mas também a dificuldade dos empresários em assimilarem as mudanças no mundo e as específicas na indústria gráfica, que, entre outros reflexos, levam a dificuldades de fidelização de clientes. Leite afirma que não é possível mais vender produtos gráficos como se fazia anos atrás. “Acabou a época de clientes virem atrás das empresas e de grandes quantidades de impressos. O empresário que não olhar para produtos diferentes, não explorar outros nichos e não enxergar mudanças nas necessidades dos seus clientes vai sair do mercado, como muitos já estão saindo. Enfatizamos muito no seminário que não dá mais para o empresário gráfico esperar que as coisas melhorem. Ele tem que se mexer”.

Na avaliação do presidente da Abigraf-RS, Angelo Garbarski, o recado foi assimilado pelos participantes. Em suas conversas nos intervalos do evento com os gráficos do Rio Grande do Sul e dos demais estados, ele disse ter constatado um entusiasmo contagiante com as informações passadas nas palestras. “Afirmo com total segurança que não há um só empresário gráfico que tenha saído do seminário sem alguma ideia ou solução para começar a implantar urgentemente em seu negócio”.

Para Garbarski,o seminário também foi importante para mostrar que ainda há muito dinamismo e interesse das empresas pelo desenvolvimento do setor. “Muitos falam que a indústria gráfica está acabando. Está acabando, realmente, para quem não se atualiza, não se recicla e não abre os olhos para as transformações do mundo. Eu digo que quem não veio ao evento perdeu, e muito, em conhecimento”.

O presidente da Abigraf-SC, Cidnei Barozzi, avaliou que o seminário foi altamente positivo pelo fato das palestras terem sido cirúrgicas nas necessidades atuais do empresário gráfico. “Os temas foram explorados de forma muito coerente e consistente para que o gráfico entenda que ele tem que sair da casinha, arregaçar as mangas e se jogar no mercado em busca de soluções. O caminho foi dado com muita competência pelos palestrantes”.

Segundo Cidnei, o seminário também serviu para enterrar de vez a desconfiança de alguns empresários quanto ao futuro do setor. “Só quem reclama e não age é que teme o futuro. O seminário, com 300 participantes, união das entidades do Sul, participação de líderes da Abigraf Nacional, engajamento de empresários e com expositores de peso no mercado gráfico, mostrou que o setor está mais vivo do que nunca. Quem participou, seguramente está passos à frente da concorrência”.

A pá de cal na desconfiança quanto ao futuro da indústria gráfica também foi comentada pelo presidente do Conselho Diretivo da Abigraf Nacional, Julião Flaves Gaúna. “Fiz questão de vir acompanhar de perto este evento para ter ainda mais subsídios para expor a todos os que insistem em falar no fim do setor. A grandeza deste seminário, o nível dos participantes e dos palestrantes deixa claro que há um grande movimento em busca de soluções e de preparação para as novas demandas. Há sim uma transformação e quem não se atentar para ela corre mesmo o risco de ter sérios problemas”.

Para o presidente do Sigep e vice da Fiep, Abilio de Oliveira Santana, o seminário atingiu o objetivo ao instigar os participantes a refletirem. “A forma como os palestrantes colocaram as informações naturalmente deixa o participante com o sentimento de que precisa fazer algo por sua empresa. Ou seja, ele sai daqui com uma oportunidade clara de repensar ações, rever conceitos e começar a mudar o rumo do seu negócio. No fundo, praticamente todo mundo sabe disso, mas só se dá conta quando tem o privilégio de ouvir isso de vários especialistas”.

 

Exemplos

A concordância e a cobrança dos três presidentes das Abigraf’s do Sul quanto à importância dos empresários reciclarem conhecimentos para saírem da zona de conforto e melhorarem seus resultados ganha respaldo quando se vê no seminário representantes de duas das mais premiadas gráficas do Paraná  no tradicional Prêmio Paranaense de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho. Vicente Linares, diretor da Corgraf, de Colombo, e Edson Benvenho, diretor da Midiograf, de Londrina, são exemplos em sempre participarem de eventos de atualização profissional e em buscarem diferenciais para suas empresas.

Para Edson Benvenho, um seminário que se propõe a apresentar temas para o empresário refletir sobre o futuro do seu negócio é lugar mais do que obrigatório para quem quer se destacar. “É um evento para dizer ao empresário que mudou o jeito de fazer as coisas e que sem tecnologia, gestão, diferenciação, ele vai ser engolido pelas transformações do setor”.

Benvenho fala com autoridade. Sentindo as mudanças do mercado e a diminuição de pedidos, o empresário tratou de inovar. Uma das ações foi ingressar no mercado de realidade aumentada (técnica que explora a inserção de objetos virtuais no ambiente físico, mostrada ao usuário em tempo real com o apoio de algum dispositivo tecnológico, como smartphone). Com parceiros, a empresa criou o seu próprio aplicativo, que ajuda a destacar os impressos explorando o fato de todo mundo hoje ter smartphone. Isso, de acordo com Benvenho, ajuda na atração de clientes para a gráfica. Com esta e outras ações, o faturamento da empresa deve crescer cerca de 15% em 2017.

Na Corgraf, apesar de não divulgar números, também haverá crescimento real em 2017. Tudo por conta da busca incessante pela diferenciação de produtos e no atendimento. O próprio material de apresentação da empresa, em formato de abacaxi, que recebeu inúmeros prêmios, já demonstra a sede por não ficar na mesmice. “Já é da história da Corgraf querer fazer o que é o difícil, o inesperado, o surpreendente. É nossa forma de ganhar espaço. Para isso, sempre acompanhamos de perto as tendências e as possibilidades de inovação. É o motivo de eu estar aqui neste importante seminário. Sempre que saímos de nosso habitat conseguimos captar novas ideias e soluções para nossos clientes”, disse Vicente Linares.

 

Palestras

Com uma grade bem diversificada e complementar, as palestras foram do riso à apreensão e da reflexão à certeza da necessidade de mudanças. Cada um ao seu modo, os palestrantes deram o recado e saíram aplaudidos com tamanha quantidade de boas informações enriquecedoras fornecidas aos participantes.

O especialista em áreas de venda e liderança e coordenador técnico de Negócios do IEL, João Carlos B. Souza, abordou o tema Criatividade, Inovação e Mudança”, convidando os participantes a “saírem da caixa”, o que, para ele, não e sair por aí fazendo tudo sem pensar, mas sim buscar referências para estimular a criatividade nos negócios.  Segundo João de Souza, a mesmice é o grande fator de estagnação, já que muitas empresas erram e até acertam sempre da mesma forma, sem nunca se preocuparem em fazer diferente. O palestrante recomendou mudanças, que começam, segundo ele, colocando-se ideias em práticas, arriscando e ousando, mesmo que haja erro.

Com o tema Reinvente-se, a empreendedora, administradora de empresas e coach, Indakéia Marisol Lima, destacou que somos condicionados a focar em problemas e não em soluções. “Já reparou que as pessoas adoram falar que estão com algum tipo de dor? E falar de coisas ruins atrai mais coisas ruins. Na empresa é a mesma coisa. É preciso mudar, valorizar as conquistas, fazer o melhor com os recursos disponíveis e aproveitar todas as oportunidades com uma mentalidade realizadora”.

Em tempos de alta concorrência e de clientes mais informados para tomar decisão, alguns detalhes podem fazer toda a diferença para se conseguir melhores resultados em vendas. E uma das formas de lançar mãos destes detalhes é ter conhecimentos de neuromarketing, como explicou o mestre em Business Administration in Neuromarketing, Felipe Nasser. Ele comandou a palestra “Neuromarketing:  a nova geração de vendas e comunicação gráfica”, abordando aspectos da neurociência aplicados ao marketing. “Trabalhar neurociência é trabalhar pessoas, e assim trabalhamos emoções. Alegria, raiva, medo, tristeza, nojo e surpresa são sentimentos que levam à emoção. Então que emoção podemos despertar nos nossos clientes por meio de nossos produtos?”

Por que, mesmo em condições normais de mercado e de estrutura, alguns vendedores do setor gráfico conseguem melhores resultados do que outros? A pergunta inquietante foi o centro da palestra “Gestão de vendas e de vendedores para grandes resultados na nova era do mercado gráfico”, proferida pelo coach empresarial e de vendas, Marcos Biaggio. Segundo ele, a batalha por mais clientes e vendas não ocorre mais no campo técnico, mas sim no campo da inteligência emocional, em que vender é uma combinação de arte, ciência e neurociência. “Quem incorpora a inteligência emocional, que é a capacidade de lidarmos com nossas emoções e com as emoções dos outros, conseguirá sempre melhores resultados”.

Se o mundo vem tendo mudanças significativas no jeito como as pessoas se comunicam, se hospedam, andam de carro, ouvem música e assistem filmes, é lógico pensar que também há mudanças na forma como elas compram as coisas. Esta foi a linha de raciocínio principal da palestra  “Fundamentos de um e-commerce de sucesso”, ministrada pelo mestre em Administração, Leandro Krug Batista. A mudança principal no consumo é que a internet passou a ser um campo vasto para se adquirir de tudo, de tênis a pré-compra de carros. E, segundo o palestrante, a indústria gráfica não pode ficar de fora deste cenário sob pena de perder ainda mais negócios, principalmente por conta da nova geração consumidores que já nascem com o celular na mão e fazem tudo pela internet. “A nova ordem nos leva a pesquisar, avaliar, ver opiniões e comprar tudo pela internet. É praticidade e ganho de tempo que não podem ser descartados por nenhum negócio”.

Na busca por se diferenciar da concorrência, os empresários gráficos estão ganhando a oportunidade de imprimir em outros substratos diferentes do papel. Por isso, o especialista em pré-impressão e mídias eletrônicas, Ricardo Minoru Horie falou sobre “Impressão das coisas: novas oportunidades na impressão digital”.   O tema ganha cada dia mais força, na visão de Minoru, porque o serviço gráfico tradicional se tornou uma commodity, com muitos concorrentes oferecendo o mesmo serviço, preço, qualidade e prazo de entrega. “Com isso, surgiu a impressão das coisas, também chamada de impressão funcional ou impressão industrial, que é imprimir em tecido, piso, parede, azulejos, madeira, vidro, entre outros materiais. Há quem diga que isso não é indústria gráfica, mas a verdade é que é um conceito que está perto de completar uma década e que vem sendo o diferencial para muita gráfica ganhar competitividade com produtos de maior valor agregado”.

Nascida entre 1980 e 2000, a geração dos Millennials está chegando com força ao mercado de consumo e de trabalho. Saber lidar com eles, seja como patrão ou como cliente, é chave para o empresário que quer ter sucesso nesse relacionamento. Este foi o tom da palestra  “Sim, os millennials chegaram aos departamentos de Marketing e Compras. Sua gráfica sabe se comunicar com eles?”, que ficou a cargo do designer e especialista em marketing, Joaquin Fernandez Presas. Segundo Presas, na relação com os Millennials é preciso dar dois passos para trás e ver a situação com novo prisma. “Eles são diferentes, mas não adianta querer se adaptar a eles ou confrontá-los, é preciso se conectar a eles e andar junto. Entenda que eles nunca vão fazer as coisas do jeito que a gente quer que façam”.

 

Itinerante

O III Seminário Sul Brasileiro da Indústria Gráfica é uma continuidade do Seminário Catarinense da Indústria Gráfica, que surgiu em 2014 em Florianópolis e contava apenas com participantes catarinenses. Depois disso, as Abigraf’s dos três estados do Sul se reuniram para fazer um evento único, que passou a ser denominado Seminário Sul Brasileiro da Indústria Gráfica, sendo realizado de forma itinerante. A segunda edição aconteceu no ano passado, também em Santa Catarina. Este ano a sede foi o Paraná. Em 2018 será a vez dos gaúchos organizarem o evento.

 

Apoios

O III Seminário Sul Brasileiro da Indústria Gráfica tem o patrocínio institucional da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) e do Sebrae – PR (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com apoio da Abigraf Nacional (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), Two Sides, Revista Abigraf e Expoprint LatinAmerica 2018. Os patrocinadores são Agfa, DuplicopyEurostar e Zanatto Soluções Gráficas (Cota Ouro); DeltaE Tecnologia da Cor (Cota Gralha Azul);  Ibema (Cota Café); Suzano Papel e Celulose (Cota Pinha); Bremen Sistemas, Copygraf, Quimagraf, Perfil, Serigrafia Sign Future Textil, Papirus, Zênite Sistemas, Dugraf, Ferrostaal e Group Work (Cota Araucária); Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) (Cota Prata) e SunChemical e Heidelberg (Cota Pinhão).